Em 07 de novembro de 1909, num belo dia de domingo, era criado o Tiro de Guerra de Mossoró, como forma de prover a cidade de um grupo de atiradores treinados para defender a cidade quando necessário. Os Tiros de Guerra são uma experiência brasileira vigente desde o século XIX, quando Antônio Carlos Lopes (1870 – 1931), fundou na cidade de Rio Grande – RS, uma sociedade de tiro ao alvo com finalidades militares.
Antônio Carlos, com cerca de 20 anos, foi testemunha dos sangrentos
episódios em Rio Grande-RS, decorrentes da Guerra Civil de 1893-95, combinados
com a Revolta da Armada (1893-94). Possuidor do curso de Farmacêutico Químico,
realizado em Ouro Preto-MG, foi até a Suíça a fim de estagiar em seus famosos
laboratórios. Lá teve a sua atenção despertada pelo sistema de defesa daquele
país, onde cada cidadão recebia instrução de tiro e uma arma, que guardava em
casa, ficando em condições de atender à convocação militar, quando fosse
necessário. De volta à terra natal, onde se estabeleceu como comerciante, foi
que concebeu sua idéia de defesa do Brasil com poucos recursos e com potencial
de mobilizar em emergências grande número de reservistas atiradores,
habilitados no uso das armas de fogo.
Em Mossoró, tudo começou quando às 16h00min daquele domingo, no salão
nobre do antigo Colégio Diocesano Santa Luzia, se reunia uma boa parcela da
sociedade mossoroense, com o objetivo de organizar um clube com fins militares,
que se denominaria “Sociedade Brasileira do Tiro Mossoroense”. Essa reunião era
dirigida por uma alta patente da Guarda Nacional, que convidou, tão logo se
concretizou o ato, a comparecer todos os cidadãos que dela desejassem fazer
parte. Estava criado assim o Tiro de Guerra de Mossoró, tendo a data de 7 de
novembro de 1909 como marco na história de sua criação.
A idéia da criação do Tiro de Guerra de Mossoró foi bem aceita pela sociedade, tanto assim que os jornais da época se ocuparam de ressaltar a sua importância. “Na sua edição de 14 de novembro de 1909 o jornal “Comércio de Mossoró” trazia um artigo onde dizia: “Sob os melhores auspícios e com numerosa assistência foi fundada a Sociedade Brasileira do Tiro Mossoroense, que será instalada no dia 15 do corrente, sendo eleita e empossada a diretoria que tem de tem de geri-la no primeiro ano social.”
A “Sociedade Brasileira do Tiro Mossoroense” começou com 81 sócios,
sendo a sua primeira diretoria constituída, de acordo com a matéria publicada
no jornal “Comércio de Mossoró” – edição de 21/11/1909, da seguinte forma:
Presidente – Bento Praxedes; Vice Presidente – Tem Cel. Antônio Filgueira
Filho; Tesoureira – Alfredo Fernandes; Secretário – Antônio Quintino; Diretor
de Tiro – Major Romão Filgueira; Membros – João Capistrano, Major Vicente Couto
(da Guarda Nacional), José Pedro do Monte, Tenente Vicente Ferreira Cunha da
Mota e Genuíno Alves de Souza. Comissão de Contas: Francisco Borges de Andrade,
João Nogueira da Costa e Raymundo Jovino de Oliveira.
No dia 23 de novembro de 1910 houve a incorporação da Sociedade
Brasileira do Tiro Mossoroense à Confederação do Tiro Brasileiro, sob o número
42, na terceira categoria, passando a ser conhecido como “Tiro de Guerra 42”.
Com a promulgação da nova Lei do Serviço Militar em 1946 (Dec. Lei nº 9500, de
23 de julho de 1946), que implantou o recrutamento na forma de convocação geral
por classe, os Tiros de Guerra passaram a ter uma posição de destaque na
formação da reserva do Exército Brasileiro, pois situavam-se em cidades que
possuíam um número de jovens aptos para o Serviço Militar. Houve renumeração
nos TG’s, passando o antigo TG 42 a ter o nº 188 (TG-188), passando depois para
TG-07-010, o que significa dizer que é o Tiro de Guerra 010 da 7ª Região
Militar.
A história do Tiro de Guerra de Mossoró foi contada por um de seus
instrutores, o hoje tenente da reserva Rinaldo Difforene Schultz, que o
comandou no período de 2001 a 2005, no livro “O Tiro de Guerra de Mossoró”,
editado pela Coleção Mossoroense, com o patrocínio da Petrobras através da Lei
de Incentivo à Cultura “Câmara Cascudo”
FONTE GERALDO MAIA
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