“A música representa tudo em minha
vida. Por meio da música pude fazer parte da Força Aérea Brasileira, adquiri
estabilidade financeira e construí minha família”. Esse é o sentimento do
Suboficial Gilmar da Silva que trabalhou como militar da ativa na
FAB por quase 30 anos e é o autor de canções de sete organizações militares.
Mas sua história não foi fácil. Ele não
conheceu o pai e com menos de 30 dias de vida sua mãe faleceu. Aos três meses
de idade, foi adotado por uma senhora chamada Maria Augusta, amiga da família
que o criou juntamente com seu outro filho. “Na época nós passamos muitas
dificuldades, na nossa casa não tinha água encanada, energia elétrica, nem
fogão. Mas essa senhora é a minha guerreira, que fez de tudo por mim”, relembra
emocionado.
Foi por meio da música que sua vida
começou a mudar. Aos 11 anos, quando já moravam em Ceará-Mirim, localizada
a 35 km de Natal (RN), seu irmão o levou para fazer parte da escola de música,
e ele começou a tocar o primeiro instrumento popularmente conhecido como
trompa. Aos 12 anos, foi efetivado como músico na banda de música da
cidade. Em 1975, ingressou no Exército Brasileiro, onde foi músico durante
quase seis anos e, em 1980, ingressou como sargento músico da FAB.
“Sempre sonhei em pertencer ao quadro de
músicos da Força Aérea Brasileira e ter a oportunidade de conhecer as
aeronaves, trabalhar também em outros estados, enriquecendo assim meus
conhecimentos através das diversas culturas e costumes existentes no nosso
País", explica o suboficial.
A primeira unidade em que ele trabalhou
foi a Base Aérea de Natal (BANT), que na época era conhecida como Centro de
Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE). Lá atuou durante
mais de 23 anos e tocou diversos instrumentos, como Bombardino, Trompete,
Tímpanos e Percussão, sendo posteriormente, mestre da banda de música.
História - O Capitão Músico Manoel Jerônimo da Silva atualmente é o
mestre da Banda de Música da BANT. Ele conhece o Suboficial Gilmar desde 1988,
quando os dois eram instrumentistas da banda. “Trabalhar com o Gilmar sempre
foi muito bom. Ele tem o dom da música, é uma pessoa que agrega as outras e um
ótimo profissional”, ressalta.
Durante sua carreira, o SO Gilmar
trabalhou também no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), na
Base Aérea de Manaus (BAMN), no Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR), na
Base Aérea de Brasília (BABR) e no Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR).
O compositor de várias canções - Em 1998, quando atuava no VII
COMAR, SO Gilmar foi convidado pelo Chefe do Estado-Maior a escrever a canção
da unidade. Terminada a composição, a notícia se espalhou para outras
organizações que não tinham canções e ele foi recebendo novos convites dos
comandantes. Ao todo, fez a letra e a melodia de mais seis organizações:
Comando Geral de Operações Aéreas (COMGAR), Terceira Força Aérea (III FAE),
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), Prefeitura de Aeronáutica
de Natal (PANT), além do VI COMAR e da Base Aérea de Natal (BANT).
A inspiração para compor vinha da
história de cada Organização e de sua importância. “O trabalho em compor foi
imenso, entrando pela madrugada sem ter hora para dormir e comer. Ao término de
cada canção, a emoção e a felicidade eram indescritíveis. A canção que exigiu
mais tempo e trabalho foi a do COMGAR porque eu tive que colocar nos versos as
aviações de Caça, Asas Rotativas, Patrulha e Transporte”, explica.
O arranjo musical da maioria das
canções foi feito pelo Sargento Músico Lúcio Bezerra de Albuquerque. “Eu tirava
elementos da própria melodia e usava a técnica para completar o arranjo. Às
vezes, sugeria mudanças na parte melódica, mas as canções já eram muito boas”,
explica.
Durante a sua carreira, foi agraciado
com as medalhas Bartolomeu de Gusmão, Mérito Santos Dumont e a Ordem do Mérito
Aeronáutico (OMA), em que foi admitido no Corpo de Graduados Efetivos no Grau
de Cavalheiro. Em outubro de 2009, ele entrou para a reserva remunerada.
“Sendo a FAB minha paixão, tive
facilidade em enfrentar todos os desafios da carreira militar. Sempre procurei
cumprir minhas atribuições de forma íntegra e honesta prevalecendo a hierarquia
e disciplina. E também procurei melhorar o convívio entre todos para o bom
êxito do trabalho. Se fosse para fazer tudo outra vez, eu faria com o maior orgulho”,
afirmou.
Mas o trabalho ainda não terminou. Em
2010, ele retornou para a FAB designado para Prestação de Tarefa por Tempo
Certo (PTTC). Atualmente, é encarregado do Clube de Oficiais de Aeronáutica de
Natal (COFAN) e a música ainda faz parte de sua vida: de vez em quando, ele
toca trompete em reuniões na casa de amigos.
FONTE – SITE DA FORÇA AÉREA, POSTAGEM DE